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Quando eu não te tinha

  • Alberto Caeiro – Heterônimo de Fernando Pessoa
  • 29 de mar. de 2016
  • 1 min de leitura

"Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...

Agora amo a Natureza

Como um monge calmo à Virgem Maria,

Religiosamente, a meu modo, como dantes,

Mas de outra maneira mais comovida e próxima.

Vejo melhor os rios quando vou contigo

Pelos campos até à beira dos rios;

Sentado a teu lado reparando nas nuvens

Reparo nelas melhor...

Tu não me tiraste a Natureza...

Tu não me mudaste a Natureza...

Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.

Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,

Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,

Por tu me escolheres para te ter e te amar,

Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente

Sobre todas as cousas.

Não me arrependo do que fui outrora

Porque ainda o sou.

Só me arrependo de outrora te não ter amado."


 
 
 

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